PEIXINHOS DE AQUÁRIO



Tenho hóspedes para a passagem de ano: os cinco peixinhos vermelhos do meu sobrinho mudaram-se para cá. Um deles tem manchas brancas, não é inteiramente vermelho. Aliás, todos eles são mais para o laranja do que para o vermelho. É uma laranjada pegada, este mini-cardume, quanto a mim demasiados peixes para os centímetros quadrados da casa-aquário, estão mesmo a precisar de se mudar mas para uma mansão maior. De um dia ao outro a água fica turva e é preciso mudá-la. Grande trabalheira e sempre o receio de lhes arrancar uma barbatana ou vazar um olho no processo. Não sou fã de peixes de aquário mas reconheço que um aquário grande e bem recheado de peixes diversos e plantas tem a sua beleza. Sei muito pouco sobre peixes, suas espécies e comportamento. Nunca lhes achei grande piada e ao fim de uns minutos a vê-los abrir e fechar a boca como cantores de coro dou meia volta e desando na muleta. Dizem que é um exercício tranquilizante mas a mim apenas me causa uma certa irritação segui-los naquele espaço confinado, reduzidos a volteios de cauda e eternos abre e fecha a boca. Ontem, já era para o tarde quando liguei a TV e estavam a repetir a série 24. Ainda acabei a ver um episódio que já tinha visto! Fiquei colada ao ecrã da TV como um peixe limpa-fundos. E de repente, berló, berló, berló, liga-se a maquineta que faz bolhas de ar na água e eu até dei um salto no sofá. Aproximei-me e já mal se viam os cinco peixes no meio da água turva. Além disso desprendia-se do aquário um certo cheiro a peixe, claro, e não era cheiro a pescadinhas de rabo na boca acabadas de fritar! Se eu fosse a Catwoman resolvia a situação em duas dentadas. Mas mesmo sem ter super-poderes vi claramente o futuro: hoje tinha limpeza para fazer. E assim foi. Ei-los de casa limpa à espera das 12 badaladas. Que lindinhos. Que regresse o sobrinho, porque peixes para mim, só mesmo no prato.

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