Cinema: De-lovely, a vida de Cole Porter

(Robbie Williams, no filme)

Ontem, a partir da meia-noite a RTP 1 passou De-Lovely, um filme de Irwin W inkler sobre a vida de Cole Porter. Desde sempre admirei a sua música e quando a banda sonora deste filme saiu, comprei o CD, mas não cheguei a ver o filme. Curiosamente as canções de Porter são cantadas e interpretadas no filme por nomes bem conhecidos da cena musical norte-americana- Robbie Williams,Elvis Costello, Alanis Morissete, Sheryl Crow, Diana Krall, Natalie Cole. Algumas das vozes não me parecem ter sido a escolha ideal mas talvez tenha sido uma forma de aproximar a obra de Porter das gerações actuais, uma forma imperfeita. Alanis,penso,tem a melhor prestação de todos, cantando e dançando no palco. Já Diana Krall é para esquecer...

O filme é um musical dramático que tem uma estrutura formal complicada. Desde logo um Cole Porter envelhecido,sentado na plateia de um teatro, acompanhado de um "anjo", passa em revista um musical que não é mais do que a história da sua vida.Uma boa ideia mas também difícil de concretizar. As suas canções são entrelaçadas nesse relato, cantadas também por Kevin Kline, mas penso que não obedecem a uma cronologia, servem mais o propósito de contar a história da sua vida- "um amor imorredoiro, uma música eterna", era a tag line do filme, fazendo eco da sua paixão pela mulher e música intemporal que deixou. 

Embora fosse uma pessoa abastada e nunca tivesse sofrido privações para viver da sua música não conheceu o sucesso de forma instantânea e além disso, em virtude da sua natureza apaixonada, levou uma vida tumultuosa entre ligações amorosas homossexuais e o seu amor profundo pela esposa, as festas constantes, entre a Europa e os EUA. E depois, após o acidente, a queda do cavalo, submeteu-se a inúmeras cirurgias, acabando por perder as pernas.Mas entre dores contínuas, fragilizado fisicamente, continuou a escrever as suas letras e músicas espantosas. 

As interpretações de Kevin Kline e Ashley Judd são excelentes e ganham densidade à medida que o filme avança e as suas personagens envelhecem. Também a direcção artística compõe notavelmente o período dos anos 20-50.Talvez difícil equilibrar num só filme tudo isto,sobretudo difícil porque o filme quer ser um musical e um drama, e penso que aí não convence inteiramente, devia ter pendido para uma das hipóteses.Apresenta-nos mais a reconstituição da vida do compositor do que o seu percurso profissional, eu queria que o filme demonstrasse de forma esmagadora que Porter foi e é genial,como se eu não soubesse, ou isso precisasse ainda de ser demonstrado! Ou talvez Cole merecesse uma reinterpretação efectivamente moderna de tudo o que fez. Ainda assim De-Lovely não desaponta,é elegante e distinto, bonito e terno. No entanto prefiro ouvir a música do que ver este filme onde é ainda a música de Porter a maior estrela.





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(Excelente momento do filme em que o cantor se queixa da canção impossível que Porter escreveu,vai das notas mais altas às mais baixas,diz, e o compositor o ajuda a perceber a canção e lhe diz que se esqueça da música e atente nas palavras, na obsessão que elas transmitem.Nesta letra até o som de cada palavra tem superior importância para criar esse efeito, para mim é das melhores que ele escreveu.O clip exemplifica também uma forma de transição muito usada no filme para ligar diferentes espaços e momentos...De-lovely!)






Night and day you are the one/
only you beneath the moon or under the sun/
wheather near to me or far it's no matter darling/
where you are/
I think of you/
day and night, night and day/
why is it so that this longing for you /
follows where ever I go/
in the roaring traffics boom, in the silence of my lonely room/
I think of you/
night and day, day and night/
under the hyde of me, theres an oh such a hungry yearning burning/
inside of me/
and this torment wont be through/
till you let me spend my life making love to you/
day and night, night and day...

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