Reciclagem com o Gabriel


Sou uma apaixonada pela reciclagem de materiais, muito mais do que pegar em materiais novos para criar coisas. Existem exemplos de reaproveitamento tão engenhosos que não cesso de os procurar. Esta segunda fotografia mostra um bloco feito todo com aproveitamento de lixos:cartão, fotocópias, folhas de revista. O que de peculiar tem este bloco é que foi feito pelo meu sobrinho Gabriel, ou melhor, foi feito a quatro mãos. Desde muito pequeno que fazemos coisas juntos, colagem e modelagem ou desenhos. Há coisas que ele ainda não consegue fazer sozinho: cortar fotocópias com uma faca de cortar papel foi um árduo desafio. Mas ele safou-se! Continua a detestar sujar os dedos com cola, fica logo em transe!! Fiquei de lhe dar duas argolas metálicas para substituir as fitas provisórias - assim ele poderá colocar mais folhas sempre que necessário. 

O Gabriel é um típico miúdo do nosso tempo. Usa melhor o rato que a esferográfica. A sua diversão preferida passa sempre pela intermediação da tecnologia.Quando eu tinha a idade dele não possuía um único brinquedo tecnológico! Em contrapartida inventava brinquedos com papel,lã,plástico, cartão,nozes, castanhas... cola, tudo servia. Mas o Gabriel mantém um interesse genuíno pela construção de coisas, seja de novos bonecos a partir dos que desmontou, seja de coisas como esta, um bloco reciclado. Até já tem uma caixa de materiais. Este balanço é saudável, acho eu. Mas como é que se estimula a criatividade infantil? Comparado comigo o Gabriel tem sido sujeito a uma variedade de estímulos muito superior. Será que isso se vai repercutir no seu desenvolvimento? Acredito que sim. Eu própria faço os possíveis para colaborar: todos os livros que tenho, e eu tenho muitos livros infantis e de manualidades, estão em prateleiras ao seu alcance, e eu deixo-o explorar livremente. Dei-lhe um diário para ele escrever pensamentos, um por dia, durante as férias, para não enfastiar muito! E até tentei que escrevesse histórias, mas aí sem muito sucesso. Mas usando fantoches de dedo, uma ferramenta óptima para soltar a imaginação, ele acaba por inventar enredos e faz teatrinhos. Encontrei uns, muito simples, feitos de lã, por uma comunidade de mulheres dos Andes. Ele gosta e constrói histórias variadas com as diferentes personagens, vocalizando cada uma delas. Em qualquer dos casos ele tem sempre de liderar o processo ou a brincadeira não resulta. Em jeito de retribuição empresta-me os seus filmes de animação! Hoje ou amanhã vou ver a Princesa Sapo! Acho que fazemos uma boa parceria! (Na capa do bloco ele escolheu aplicar um cão como motivo decorativo. Usou grãos de café para o corpo e para fazer o olho usou um caroço de cereja!)

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