Cinema: Dia dos Namorados, de Garry Marshall,



Estamos em vésperas do Dia de S. Valentim, Dia dos Namorados, e ontem a televisão (RTP) passou um filme realizado por Garry Marshall, exactamente com esse título, Dia dos Namorados. Deste realizador o meu filme favorito é Frankie and Johnny, que data de há bastantes anos, com o Al Pacino e a Michelle Pfeiffer. A fita mostra-nos a vida de um ex-condenado que arranja trabalho num restaurante onde trabalha uma rapariga bonita e solitária e, ou não fosse um filme de Marsall, acabam a cozinhar um romance. Antes deste filme, Pretty woman tinha colocado meio planeta a suspirar pelos amores improváveis de uma prostituta - Julia Roberts - e um executivo refinado - Richard Gere. 

Quando alguém se apronta para ver um filme deste senhor já sabe o que pode esperar. Amores e desamores, peripécias românticas em modo concentrado, encontros e desencontros e, no final, tudo é cor-de-rosa. As comédias não são o meu género cinematográfico favorito e muito menos as comédias românticas. Não porque considere esse género inferior, muito pelo contrário, penso que é bastante difícil fazer boa comédia. E uma boa comédia romântica, valha-me S. Valentim, contam-se pelos dedos, parece que é mesmo uma agulha num palheiro, em especial na produção recente.

Dia dos Namorados é um filme pensado para fazer dinheiro fácil, para agradar dos 8 aos 80, há crianças, jovens adolescentes, homens e mulheres e seniores apaixonados, nem se esqueceram da faixa gay! Uma imagem vale mais do que mil palavras, é verdade, o cartaz já nos diz tudo o que o filme é - um catálogo de actores e actrizes de Hollywood. A impressão que dá é que se confundiu quantidade com qualidade, que se limitaram a fazer umas contas simples: se cada um atrair às salas os respectivos fãs, fazemos uma pipa de massa e já está. Não sei se a receita funcionou, mas tirem as vossas conclusões depois de lerem esta lista, se tiverem fôlego para isso: Taylor Lautner, Bradley Cooper, Anne Hathaway, Jessica Alba, Jessica Biel, Ashton Kutcher, Julia Roberts, Jennifer Garner, Topher Grace, Jamie Foxx, Patrick Dempsey, Shirley MacLaine, Kathy Bates, Queen Latifah e um cão.

Quando nos contam uma história, qualquer que ela seja, têm de nos apresentar as respectivas personagens. Sem exagero, a ideia que tenho é que a primeira hora de filme é gasta a apresentar toda esta gente - quando eu pensava que já não havia mais ninguém, ainda apareciam mais um ou dois!Sem tempo para desenvolver as personagens ou conferir-lhes qualquer densidade psicológica sob pena de terem de alterar o nome do filme para "Maratona de Namorados", tudo neste filme é um corridinho! Em duas penadas já ficamos a saber o que interessa: quem está acompanhado, quem está só e quem vai ficar de companhia. Os diálogos não inspiram ninguém, as piadas não têm piada, Los Angeles não tem piada. Nem o amor aqui tem piada alguma. Aliás, onde é que estava o amor?!

Quem quiser poupar dinheiro em cinema e actualizar-se quanto a estrelas de cinema é só assistir. Até os secundários são estrelas de Hollywwod, se é que isso interessa! No meu caso, foi a primeira vez que vi um filme com o Ashton Kutcher e enquanto ele saltitava pelo ecrã em modo mais ou menos macacóide e debitava as suas falas, eu interrogava-me sobre a opção da Demi Moore: o que lhe teria passado pela tola quando casou com o puto?!!É possível que fora do ecrã ele tenha mais encanto, é até possível que tenha mais encanto noutro qualquer filme, mas o florista que interpreta no Dia dos Namorados não podia ser mais enfadonho e mereceu a sorte que teve - ser abandonado pela Jessica Alba e pelo seu cão, sem apelo nem agravo, entre desculpas esfarrapadas, mais gastas que a minha paciência, pois entre bocejos acabei por ver o Dia dos Namorados até ao fim!

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