Desabafos de fim de Verão: apanhem a caca dos cães, seus porcos!





E já estamos no Outono. Este ano não tive oportunidade de ir à praia senão em Setembro e estava a contar com mais algumas boas tardes de sol e banhos, como a de ontem, até ao fim do mês...mas, nada feito. Às duas da manhã chovia contra a vidraça e havia relâmpagos e trovoada. Pior do que isso,há pouco fui ao site da meteorologia e esta semana que aí vem trás chuva, vento e temperaturas máximas baixas e mínimas ainda mais baixas. Estou mesmo aborrecida. A minha toalha de praia ainda está na corda da roupa, a t-shirt e o bikini, a saca aguarda no chão da varanda juntamente com as sandálias. Mas não acredito que volte à praia. O ano passado o Verão esticou-se pelo Outono até mais não, este ano resolveu cumprir o calendário, não lhe devem ter pago horas extraordinárias, parece que a austeridade atingiu a minha estação do ano favorita. Que porra. Se tivesse dinheiro era agora que me metia num avião e voava para outro hemisfério. Além do meu cérebro precisar desta evasão, o meu corpo também reclama por mais algum calor, as baterias ainda não estão carregadas para aturar o macambúzio do Inverno.

Como devem imaginar a praia está quase vazia e como é grande ainda parece mais vazia. Para mim, é-me igual. Sou pequena, arranjo sempre um espacinho.Os nadadores salvadores desapareceram, assim como as demais estruturas de apoio aos banhistas, incluindo as passadeiras de madeira que tanto jeito dão para calcorrear o areal mais facilmente. Ainda passa um vendedor de bolas de berlim e de gelados da Olá mas parece que já nem se esforça muito por apregoar o que tem para vender. Junto ao mar sucedem-se os pescadores. De vez em quando lá sacam um peixito ao mar. Ainda há jovens e adultos junto à orla marinha, em especial estrangeiros, a desfrutar da natureza. Não pude deixar de reparar neste casal que fotografei. Estavam num chapéu de sol junto a mim e tinham consigo um pequeno cão. Sou a favor dos cães nas praias, sou é contra pessoas que não sabem que devem observar certas regras quando levam os animais para as praias. Este casal teve sempre o cãozinho preso pela trela e revezaram-se a tomar banho, primeiro ela foi ao mar e ele ficou com o cão, depois ele. De seguida prenderam-no no chapéu de sol. O bicho era sossegado e aninhou-se e dormiu. Não sei em que é que este animal me importunou e acho que este casal prefere ter o seu animal de estimação consigo do que deixá-lo em casa. Considero certo que assim seja e daí não concordar com o veto de animais na praia. 

Como em quase tudo o que respeita a animais de estimação, o comportamento do animal depende da atitude dos seus donos. Este ano também vi o filme do costume mesmo se nem dez vezes fui à praia - os banhistas levam o cão, deixam-no completamente à vontade e ele faz do areal defecatório, anda por ali, marca onde quer, mete-se com toda a gente. Há quem goste de focinhos, há quem não goste e está no seu direito. Pior do que lambidelas são os presentes. Se os donos apanham os cocós na relva, na praia também os deveriam apanhar. Mas não. Ficam por lá para eu cagar os pés quando os pisar. Está mal. Todos os anos escrevo a mesma coisa. Fartei-me de elogiar a limpeza da praia da Rocha, no Algarve, mas não há equipa de limpeza que aguente se as pessoas não fizerem a sua parte.O areal da praia de Buarcos estava imundo de cocós e lixo no início de Setembro, agora está pior. Acaba oficialmente a época balnear e até parece que há licença para estrumar a areia. Pena que o tempo me tenha trocado as voltas e, possivelmente, tenha acabado ontem a minha curta época de banhos, ou eu ainda iria à praia mais uma meia dúzia de vezes a serpentear pela areia para me desviar das porcarias visíveis. A sério que defendo que, quer nas praias, quer nos jardins, fossem criadas zonas específicas - nas praias para pessoas com cães, nos jardins e parques, para as pessoas levarem os seus cães. É escusado pensar que isto vá mudar, esta malta amiga dos animais parece sofrer toda de problemas de coluna - não conseguem dobrar as costas e chegar ao chão com as pontas dos dedos. Sei que é muito desagradável apanhar a caca dos canídeos, umas vezes mais do que outras. Mas pergunto-me o que fariam estes donos de canídeos a alguém que andasse por aí a defecar nas praias, nos jardins e nos passeios. É preciso outro argumento? Então porque é que não percebem de uma vez por toda que deixar a caca do cão no meu caminho não é bonito? É preciso um curso, porra? Ou é preciso um polícia a passar multas para finalmente perceberem o óbvio?

No momento em que escrevo está um solinho tímido e nem há vento, mas o céu está azul acinzentado. Dizem que a esperança é a última coisa a morrer, mas contra factos não há argumentos- é Outono, começou a contagem para o próximo Verão e eu estou com uma neura que nem posso!

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