Resoluções de ano novo: emagrecer devia ser divertido


E cá estamos em Janeiro. Eu já me deixei de fazer resoluções para o novo ano. E vocês? Comigo não resultam. Faço um plano em Novembro, assim que acaba a chamada silly season, e sigo o plano até ao ano seguinte. Quando o ano muda mando as resoluções à fava. Mas a tentação de fazer uma lista de resoluções é grande, não sei se talvez porque a propaganda às mesmas já faz também parte da tradição! Há sempre alguém a perguntar se já as fizemos. Ou então surgem as resoluções dos outros, dos famosos ou nem tanto, nas redes sociais ou nos media, acabamos a pensar nelas mesmo que não queiramos. E há uma resolução que quase todos atiramos para a lista, nós, os mais cheios de corpinho, pois os elegantes nem lhes passa pela cabeça torturarem-se com isso num mês onde a tradição manda colocar na mesa coisas tão gostosas. 

A Norte, os convivas começam por trincar as festas natalícias a pensar na dieta pois elegem o nobre mas simples bacalhau cozido, acompanhado por couve portuguesa, batatas e ovos, e o belo do azeite a temperar tudo. Ao almoço de Natal já se prova do sabor do pecado embora ninguém queira lembrar-se da gula numa sessão tão familiar. Vem a canja de galinha, continua-se com o arroz de polvo ou o peru assado, o borrego, o leitão, ou o porco. Para rematar chega a doçaria da época e não podem faltar as rabanadas, os sonhos, a aletria, os frutos secos. Tudo bem regadinho com um copo ou mais de aromático vinho do Porto. Natal sabe e cheira a fritos. É o caso dos alaranjados e douradinhos sonhos de Natal que podem ser polvilhados com açúcar ou canela. 

Das Beiras vêm as filhoses, do Norte as já citadas rabanadas que a sul se chamam fatias douradas ou fatias de parida. Eu fiz rabanadas este Natal, por duas vezes, e nunca as tinha feito. Faltaram os mexidos ou formigos, um doce típico do Norte, feito com pão, mel e frutos secos, que adoro. E ainda os fritos de abóbora e as broinhas de abóbora e frutos secos que a minha avó fazia sempre! Mas achei que já tinha pecado que bastasse! Saíram bem as rabanadas...e depressa desapareceram da mesa! 

Já a caminho do Sul a ceia de Natal torna-se mais carnívora e no Algarve não se passa mal o Natal, não senhora, pois a tradição junta carne, peixe e marisco sobre a mesa, e enfeita tudo com os tradicionais doces de amêndoa e batata-doce. De norte a sul, no centro da mesa lá encontramos também o Bolo Rei, uma tradição importada da França. 

E isto são os mínimos, há quem seja mais criativo, mais abundante, mais guloso. Há também quem não tenha nada disto, é preciso lembrar. E depois das festas de Natal, ainda temperadas com sentido religioso por muitos, chegam os excessos completamente pagãos dos festejos do ano novo. 

E, secretamente, lá se escreveu, ou anotou mentalmente, a resolução de começar a emagrecer assim que se acorde da ressaca das festas. Confesso que mesmo sendo anti-resoluções também pensei nisso!! O problema é que emagrecer não é divertido. Dá trabalho, obriga a mexer o esqueleto e/ou a que nos privemos de algumas coisas para diminuir o número de calorias ingeridas e obrigar o organismo a ir queimar as reservas da malfadada gordura acumulada. 

Há um ano atrás eu comprei umas calças de jogging. Não foi uma compra em vão pois tenho-as usado mas não para o jogging. Se pensar que comprei uma bicicleta e nunca a usei senão para pendurar roupa ou colocar livros no assento, poderei estar satisfeita, este investimento deu menos prejuízo ainda assim! Este ano, mesmo que não tenha tomado essa resolução, vou ter de me meter em movimento. Afinal andei um ano a mobilizar a vontade, a matutar no caso, dir-se-ia até a dormir sobre o assunto! O pior é começar, é o que digo a mim mesma! O parque está lá fora, os dias começam a ser maiores, a temperatura sobe gradualmente. E até tenho umas calças de jogging! Será que é desta? Quando vou buscar o meu sobrinho vejo as pessoas a exercitarem-se num ginásio, através dos vidros, e não me consigo imaginar lá dentro. Aonde é que aquela gente, homens e mulheres, uns jovens outros não, vão buscar tamanha determinação, aquela cara, já não digo alegre, mas conformada, enquanto correm nas passadeiras, aquela vontade de suar?! 

A última vez que me meti ao caminho para exercitar o corpinho tinha menos anos e até mais quilos do que agora, mas as recordações não são agradáveis. Emagrecer era meta e eu cheguei lá, mas doeu. Agora a meta é emagrecer mas, mais do que isso, adoptar uma forma de vida mais saudável que se traduza efectivamente em bem estar e mais saúde. Realmente é pena que emagrecer não seja mais divertido!

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