Meteoro cai na terra dos russos, graças a Deus!


Que pratinho, esta manhã, nas terras de Putin. Eu sempre fui uma entusiasta das coisas celestes. Quando era mais jovem parte das minhas leituras mais científicas tinham a ver com a exploração e a conquista do espaço, a corrida disputada pelos russos e pelos americanos, com algumas intromissões mindinhas dos europeus. Os mistérios do universo eram e são-me fascinantes. Mas quando fiquei a pé, pela noite dentro, para ver chuvas de estrelas anunciadas com pompa e data marcada, pouca sorte, nunca cheguei a ver nada de jeito, nem chuva, nem aguaceiro de estrelas. Nem clarões, nem rastos de vapor, nem estrondos, nada. Estou então, depois da queda do meteoro na Rússia, com inveja dos russos? Nem por isso! A verdade é que sou uma medricas e dispenso uma coisa destas aqui no meu jardim, no Youtube é que é bom.

 Estou a falar de cor? Não, nem por isso. Há uns anitos também se ouviu um pequeno grande estrondo na Figueira da Foz e eu dei um pulo e fiquei com o coração a bater. Meteoro?! Não, não foi um meteorito, isso teria sido muito bom para a Figueira da Foz, quem sabe não teríamos ainda por ali, hoje, uma loja, talvez no Bairro Novo, ou mais provavelmente no Shopping Plazza, que é onde agora estão as lojas todas da Figueira, a vender recuerdos espaciais aos nuestros hermanos na Páscoa. Estão a ver a publicidade? "Figueira da Foz é a nova Roswell! Visitem-nos!" Não fiquei, pois, como os russos ficarão a partir de hoje, com uma história empolgante para contar, ninguém quer saber de um avião que talvez tenha passado a barreira do som sobre a cidade, e muito menos do meu ridículo susto! Agora imagine-se os russos quando ouviram este estrondo, uma explosão sónica de algo que se movia a velocidade superior à do som - e quantas vezes!! - pelo ar, os vidros a estilhaçar e os alarmes dos automóveis a apitar. Já lá vai o tempo da guerra fria mas nem assim faltou quem, de imediato, apontasse o dedo aos americanos, um tal ultra-nacionalista de nome Vladimir Zhirinovsky logo anunciou que foi um teste de armas dos norte-americanos. Se todos pensassem como ele, quem sabe se além dos dedos apontados, não estariam também já uns quantos mísseis apontados aos States e neste momento, em vez de estar aqui a escrever, já estaria a correr com todos para os supermercados para me abastecer de víveres e barricar na cave à espera do pior!

A brincar, a brincar, os russos é que não brincam com estas pedradas amandadas dos céus pelas regras todas poderosas das leis do universo! Já declararam o estado de emergência - sabemos nós lá que micróbios nocivos à vida humana terão vindo à boleia, incrustados nos meteoros, que radiação maliciosa transpirará desses calhaus e até que micro-organismos alienígenas viajaram até à Terra! Parece que um dos fragmentos caíu num lago, ooops!, o cruzamento da vida terrestre com a alienígena pode estar prestes a acontecer naquele charco russo, a História que se prepare para fazer história! Abriu-se um buraco de seis metros de diâmetro na superfície gelada! A temperatura das águas do lago Tchebarkoul chega aos 20 graus negativos. Talvez a vida não esteja preparada para o General Inverno russo!

Hoje já aprendi mais russo do que em toda a minha vida! (É mentira. Fiódor Dostoievski, Nicolai Gogol, Leon Tolstoi, Anton Tchekhov...) As pedras celestes caíram na região de Chelyabinsk, que por acaso é a cidade natal de um cosmonauta, Surayev, num lago perto da cidade de Chebarkul, e também na área da povoação de Kuvashi, nos subúrbios de Zlatoust, dizem as agências de notícias. Tudo está bem quando acaba bem - há danos materiais, janelas estilhaçadas e vasos em cacos, e cicatrizes para mostrar aos netos, a comprovar a história. Ninguém morreu. Mas podia ter sido bem pior. E se o meteoro fosse mesmo grande, grande, grande? E se não se tivesse desintegrado em pedaços tão pequenos como isso? Não foi à pedrada celeste que se acabaram os dinossauros? Deus, num dia bastante imaginativo, pegou na sua grande fisga e resolveu dar uma chance à humanidade acabando com os bicharocos favoritos do Spielberg! E nesse tempo não havia centrais nucleares como há naquela área do território de Putin, já para não falar de Mayak, um verdadeiro papão nuclear que mete mais medo do que qualquer explosão sónica de meteoro! Verdade, verdadinha, convençam-se de uma vez por todas, só andamos por aqui a esbanjar a vida em futilidades até o destino querer. Lá virá um dia, ou uma noite, em que os filmes catástrofe ou de ficção científica se transformarão em drama verídico e estaremos tão f****** como o estiveram os dinossauros na sua era. Estes avisos do céu servem para nos lembrar disso mesmo. E também para ganhar algum dinheiro. Os camaradas não perderam tempo, que tempo é dinheiro, já se faz negócio com os fragmentos do meteorito russo. A gente até pode brincar com tudo isto, mas depois de ver e de, sobretudo, ouvir os videos que coloquei acima, eu digo: os russos que fiquem com as pedras do céu, eu fico com as pedras da calçada portuguesa e estou muito bem assim!

P.S. Não há qualquer relação entre a queda do meteoro e a passagem do asteróide 2012DA14! É apenas uma grande coincidência!

P.S. 2 O calhau quando ainda está a navegar no espaço é um meteoróide. Há uma diferença entre meteoro - ou estrela cadente, rasto luminoso que deixa no céu, devido à combustão causada pelo atrito com o ar - e meteorito, os fragamentos que alcançam a crosta terrestre!

Balanço final: 300 edifícios afectados, estragos de 25 milhões de euros, 1200 pessoas feridas, não houve mortos, e a grande maioria dos feridos não são graves. Tamanho à entrada da atmosfera - 17 metros de diâmetro. Massa do meteoro - 10.000 toneladas. Fonte dos números citados

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