O preconceito contra tatuagens ainda é muito forte

O regulamento do hospital de Cascais já anda nas bocas do mundo e bastou uma olhadela nos comentários para ler mimos como este: "Não me estou a ver ser tratado por um/uma loucos com tatuagens e pircings." Ora, a minha cabeleireira tem tatuagens visíveis e quando ligo a marcar peço para ser atendida pela menina das tatuagens. Porquê? Porque ela é uma excelente profissional: atenciosa, sabe conversar e faz ao meu cabelo exactamente o que é preciso. A primeira vez que me atendeu comentei favoravelmente as tatuagens, que eram bonitas e estavam bem feitas. Ela confidenciou-me a supresa de ter alguém a elogiar-lhas, já que o que sucedia era o inverso. Sempre apreciei a arte da tatuagem desde que as descobri, há muito tempo, nos filmes japoneses. De então para cá tornaram-se muito comuns mas são ainda um tabu, muitas vezes um efectivo obstáculo à contratação laboral e ao relacionamento profissional e até pessoal. Que as considerem inestéticas é algo que consigo entender completamente, já que as demonizem e aos que as ostentam, diminuindo-os e considerando que são "loucas/os" é pura e irracional aberração. A discriminação existe por parte dos gestores de recursos humanos e, quando estes são neutros, os utentes de serviços e consumidores reagem, na sua maioria, de forma negativa. Reparem que não é necessário que estas pessoas tenham tatuado FUCK THE WORLD na testa quando estiveram na prisão: a minha cabeleireira tem tatuagens de flores e de uma deusa nos braços! Existem inquéritos sobre a percepção que se faz das pessoas tatuadas e uma percentagem afirma que são menos inteligentes, dadas à delinquência, ou, como esse comentador disse, "loucas". Somos tão prontos a apontar defeitos nos outros, como este comentador, que é, certamente, um brinco de pessoa, de pele branca e limpa, fato engomado e tudo no sítio. Felizmente uma tatuagem pode ser removida, já o preconceito é uma nódoa muito mais complicada de limpar.

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